Qualquer par de metais em contacto mútuo, se estiver
imerso num líquido que conduza a corrente eléctrica (líquido que assim toma o
nome de electrólito), forma aquilo que se designa por pilha de Volta, dando
origem a uma corrente eléctrica que provocará a corrosão de um dos metais (o
mais “electronegativo” ou aquele que tiver o potencial mais reduzido).
Como as embarcações de metal e as partes metálicas imersas
de embarcações de madeira estão muitas vezes a tocar-se e sempre imersas num
excelente electrólito (a água do mar), a corrosão é um problema sempre grave e
que é necessário reduzir ao máximo, evitando custos elevadíssimos com
reparações.
Sabemos hoje quais os metais que corroem mais e menos, e
assim podemos usar o facto de apenas um deles sofrer corrosão a nosso favor:
basta colocar propositadamente peças metálicas de um metal que corroa
facilmente, em contacto com os metais do navio que queremos proteger e em
contacto com a água do mar…
Como o zinco é um metal relativamente barato, hoje todos as
embarcações têm os chamados “zincos”, tecnicamente designados como “ânodos
sacrificiais”. Se as embarcação tem casco metálico, os zincos aparecem a
espaços regulares, ao longo de toda a parte submersa; se a embarcação é feita
em madeira, fibra ou outra, os zincos localizam-se junto da hélice, do leme e
de estruturas metálicas que possam existir em contacto com a água do mar.
Periodicamente substituem-se os zincos corroídos por novos zincos, e assim
evita-se a corrosão de partes caras do navio. Poucas pessoas reparam nos
zincos…
Controlar com um voltímetro ligado a um elétrodo calibrado
submersível (€ 29,00 da Galvatest) e a massa metálica da embarcação, pode
facultar informação sobre a eficácia dos zincos na embarcação. Leituras no voltímetro
superiores a 10 milivolts, querem dizer que há uma fuga eléctrica a eliminar:
problemas nas cablagens, má protecção do circuito 220V, etc
Dificilmente podemos prever a vida de um ânodo, terá
sempre haver com os materiais de construção do casco, o número e posicionamento
dos ânodos, local onde fica fundeado mais tempo, etc.
Não se trata de uma peça cara, mas pode sair caro a sua
falta de atenção. Facilmente se pode degradar outras peças da embarcação de
valor elevado!
A
ter sempre em consideração:
- os conselhos dos fabricantes dos motores e embarcação
nesta matéria;
- controlar a proteção da embarcação com voltímetro, como
já foi dito atrás;
- controlar a instalação eléctrica da embarcação, para
identificar possíveis fugas que aumentam a corrosão;
- passar com uma escova de aço nos ânodos a fim de
eliminar a camada galvanizada;
- com a embarcação em marina, melhorar o efeito dos
ânodos, com elementos suplementares suspensos, ligados á placa de massa;
- instalar ânodos adequados e de qualidade;
- verificar o bom funcionamento da terra das tomadas de
cais nos pimenteiros.
Nunca
fazer:
- utilizar ânodos de zinco em água salobra ou doce. Nestes
casos escolher o alumínio para águas mistas e o magnésio para água doce;
- pensar que uma embarcação em madeira, fibra ou outro
material não metálico, não sofre qualquer risco. Podemos ter grandes
surpresas...
- manter a embarcação permanentemente ligada aos 220 V do
cais. A ligação do fio de terra do pimenteiro do cais, liga electricamente
todas as massas/terras dos barcos que estão nesse pontão! Cuidado com as fugas
eléctricas dos vizinhos....
- a pintura ou anti vegetativo nos ânodos, torna-os ineficazes!
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